quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Zênite - Por Miranda May


Zênite

Se o que eu sou depende do que você é, quem sou?
Se teu espelho mostra a minha alma, quem és?
Se em meus gostos esta minha mãe e em meus erros esta meu pai, onde estou?
Se eu vejo o que me ensinaram a ver, onde estão meus verdadeiros olhos?
Se eu ouço palavras ímpias e aceito conselhos torpes, onde estão meus ouvidos de ouvir?
Vivo na periferia de meu ser: entorpeço-me com o ópio das adulações e esqueço-me do meu centro.
Minhas ideias já vêm prontas: já são velhas: tem a idade da terra.
Sou fruto dos antigos e semente dos novos.
Sou meu pai, minha mãe e meus avôs: todos que vieram antes de mim.
Beijo meu pai, minha mãe e os meus. Mas agora me dispo destes trajes. Largo estes sapatos - que não me servem mais - e quebro estas máscaras.
Ando com meus próprios pés e escolho o meu caminho.
Vou do nadir ao zênite para me encontrar: resumo: condenso.
Agora eu sou.



Miranda May

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